Falta Dizer
quinta-feira, 30 de junho de 2011
sempre que posso
retraço o fim
de meus destroços
nasce um jardim
quero um reinado
de mil milênios
ou só um bocado
de oxigênio
me consolo
me desespero
mundo é colo
& cão fero
garganta oprimida
no rosto um esgar
é pouca ou muita vida
que te faz sufocar
cansado de mim
do mundo também
no meu camarim
meu nome é ninguém
administro
o horror
em registro
incolor
quarta-feira, 29 de junho de 2011
desfilo
o dia inteiro
em tranquilo
desespero
conteste
a norma
se ela é peste
que deforma
desfia
teu texto
à revelia
do contexto
o babado
dispense-o
é sagrado
o silêncio
mancha escura
em folha clara
se não cura
ampara
invejo
quem ouve calado
o recado
do brejo
a companhia
não comanda
sê o que serias
não importa com quem andas
a aurora tingida
esmaeceu
a cor viva é da vida
o cinza é seu
atente
ao que o sábio faz
o passo à frente
um pé atrás
este fado
quem queria
abandonado
à própria mestria
a visão tola
se resume
em ver papoula
sem estrume
dança
da agonia
a prece alcança
o que não pedia
terça-feira, 28 de junho de 2011
a quem pertence
a escolha
na distância que se vence
entre a letra & a folha
não me faça
que eu desmonto
não tem graça
mundo pronto
esses defuntos
no meu caminho
podem ir juntos
eu vou sozinho
minha lorota
se espalha
ninguém me bota
cangalha
não há cena
que me encaixe
sigo apenas
minha praxe
poeta
esquivo
não me coleta
o coletivo
segunda-feira, 27 de junho de 2011
se nada me ilude
de tudo me rio
na rede amiúde
ou bem arredio
não tenho lugar
tampouco jornada
acabei de chegar
bato em retirada
velhas tramas
& abrigos
o mundo me chama
eu não ligo
bem adiante
a vida adiada
a via ao instante
é uma longa estrada
fica em paz
se destoas
é o delírio que te faz
pessoa
não te desesperes
com a bonança
a intempérie
já te alcança
na paz mais completa
do trono cativo
nada me afeta
também não vivo
te pego na mão
me solta o braço
de enredo vão
me desembaraço
na busca do tom
o verbo vagueia
o poema é bom
se pega na veia
o mundo se esfuma
a turba calou
cultura nenhuma
me diz quem eu sou
olho na mira
mão no teclado
o poema atira
pra todo lado
mar da quimera
ser no cais
quem eu era
não sou mais
receita ideal
pra se fazer
criar o real
curtindo o prazer
de repente a fresta
se abre em portal
você desembesta
no essencial
domingo, 26 de junho de 2011
esqueça os loucos
você é capaz
custa pouco
rende mais
não reclame
amor é calmaria
& tsuname
lavagem da louça
louça lavada
alma insossa
quando me mexo
quem fica fora
é o eixo
um locutor
não se agiganta
com o espinho do rancor
na garganta
carta branca
pra dor
nada arranca
o rancor
overdose
de submissão
há quem só goze
com autorização
a cada um o que lhe compete
tem livro mais barato
que o frete
além do marasmo
& do agito incapaz
força é entusiasmo
& paz
sábado, 25 de junho de 2011
mais eu peno
mais me convenço
corpo pequeno
desejo imenso
quem sabe é um senão
da rosa
a chuva copiosa
que a atira ao chão
breve dizer
da longa espera
só falta eu ser
o que eu já era
foco
na estrada
não me troco
por nada
sou muito franco
um livro aberto
em branco
depende da fase
sou crise
ou crase
atroz
& cortês
toda voz
toda vez
chega uma hora
cedo ou após
em que nada vigora
além de sua voz
busca premente
do olho maduro
despir o presente
compor o futuro
cedo ou após
chega o dia
em que fala sua voz
o mais silencia
sexta-feira, 24 de junho de 2011
se fala de tudo
do bom do mau
só se mantém mudo
o essencial
quinta-feira, 23 de junho de 2011
fogo alto
& médio
sou sobressalto
& tédio
navego
no espanto
cego
& santo
além da medida
das coisas prontas
criar uma vida
é o que conta
pense à
margem da lista
há tanta urgência
não prevista
quarta-feira, 22 de junho de 2011
o pressuposto
eu reconheço
pra tudo está posto
um preço
antigos ditados
que ditam pra gente
desfaço o passado
me faço presente
com tanto a fazer
agora & aqui
descumpro o dever
me entrego ao devir
terça-feira, 21 de junho de 2011
me dá razão
me impele
meu coração
à flor da pele
me embriago
não tem jeito
do que trago
no peito
segunda-feira, 20 de junho de 2011
pouco senão
menos se
broto do chão
& começo a florir
muito me alegra
não faço segredo
fugir à regra
vencer o medo
crista da onda
fundo do poço
não há quem se esconda
do próprio alvoroço
vogais & consoantes
antigas
vigas
estruturantes
santa sandice
rasa razão
quem foi que disse
que ser é são
domingo, 19 de junho de 2011
alma boa
pouca vergonha
distinta pessoa
destila peçonha
sábado, 18 de junho de 2011
rota torta
linha reta
nada me aborta
ou me completa
fico em paz
com o mundo
o céu é alto demais
o inferno pra lá de fundo
sexta-feira, 17 de junho de 2011
litanias
ao léu
minhas mãos vazias
colhem o céu
chumbo grosso
seda fina
sou colosso
& ruína
quinta-feira, 16 de junho de 2011
carícia precisa
não peço mais
me sopra a brisa
eu sigo em paz
na rua
na sala
boca nua
não cala
em fundo buraco
no céu mais além
me encontro no vácuo
me chamem ninguém
achei o meu lado
sítio incomum
bem situado
em lugar nenhum
quarta-feira, 15 de junho de 2011
até onde der
em caminho vão
sigo a pé
na contramão
ermo prado
gente a granel
meus olhos cansados
precisam de véu
terça-feira, 14 de junho de 2011
doce ilusão
vida nua
as coisas são o que são
o olho é coisa sua
tonto de fé
fronte isenta
o tolo vê o que quer
o sábio o que se apresenta
filho enfermiço
da ilusão
já paro com isso
ou não
segunda-feira, 13 de junho de 2011
no mesmo balaio
mais de um eu
sou raio
& breu
domingo, 12 de junho de 2011
pus sobre a mesa
a alma vazia
em vera proeza
a vã poesia
tive o
muito & o pouco
a cada alívio
sufoco
visão velada
de hierofante
minha madrugada
é cintilante
sábado, 11 de junho de 2011
a vida se diverte
& se completa
entre inerte
& inquieta
sexta-feira, 10 de junho de 2011
dúvidas somem
certeza cai fora
resta um homem
& sua hora
assim se vive
ano após ano
estão sempre em declive
meus planos
mão sedosa
ser calejado
de verso & prosa
é meu roçado
avatar
perigo
hora de encontrar
comigo
a vida me veio
em ínfima cota
esse veio
não se esgota
jornada de arlequim
durmo & acordo
a bordo
de mim
quinta-feira, 9 de junho de 2011
tenho o que
me basta
tempo pra viver
& alma vasta
tenho quanto
necessito
meu recanto
é infinito
minha cidade
meu jardim
ando à vontade
dentro de mim
vida levada
no ludo
onde nada
é tudo
me anima
me algema
ser matéria-prima
de poema
me estraçalho
me remonto
meu trabalho
nunca é pronto
quarta-feira, 8 de junho de 2011
herege
santo
o céu que nos protege
abriga o desencanto
bate sem dó
se o sino
é pequenino
meu tempo é menor
desconheço
outra via
se é começo
já se ia
me aprumo
me desfaço
sou o sumo
& o bagaço
céu alto
teto baixo
ponho o salto
me esborracho
decolo
afundo
desço ao subsolo
subo além do mundo
terça-feira, 7 de junho de 2011
primo
pelo reles
se chega ao imo
roçando a pele
ainda que se gema
com a glosa
é no poema
que se goza
a vida por si
aflora
todo espaço é aqui
todo tempo agora
habito
o hiato
entre o mito
& o fato
segunda-feira, 6 de junho de 2011
among the freak
crowd
my silence speaks
loud
juízo decerto
demente
sigo liberto
na corrente
não me convinha
outro riscado
me escrevo em linhas
desalinhado
domingo, 5 de junho de 2011
não insista
só deixo post
não deixo pista
não sei quem é quem
quem é que me diz
meus ramos não provêm
da mesma raiz
assumo
transido
não tenho rumo
nem estou perdido
sábado, 4 de junho de 2011
sem alarido
como calasse
o elo perdido
acha o enlace
um prolifera
outro devora
é primavera
agora
ressuscito
em cada verso
infinito
& diverso
despejo
em verso vão
desejo
& razão
deposito
em quatro versos
o infinito
universo
me concentro
por ora
no dentro
& no fora
sexta-feira, 3 de junho de 2011
solo natal
muito propício
sou natural
do artifício
me desfaço
me agiganto
meu espaço
é todo canto
vida longa
sem fim
tudo se prolonga
em mim
me limito
em corpo & mente
ao infinito
infinito
reles
circunscrito
a minha pele
restrito
big-bang
sou o infinito
em carne e sangue
entre curvas
& retas
minha mente é turva
minha vista completa
a quem compete
alegria
babette
& cia
comemore a
vida errante
somente a escória
é exuberante
do verbo vão
se fez
nudez
& fusão
ode
à vida vadia
o universo eclode
todo dia
preso na teia
nada o continha
o infinito campeia
em quatro linhas
poema
conciso
único lema
pouco juízo
quinta-feira, 2 de junho de 2011
restrito
desmesurado
sou o infinito
demarcado
quarta-feira, 1 de junho de 2011
riso faceiro
gesto aflito
sou prisioneiro
do infinito
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