Falta Dizer
sábado, 15 de dezembro de 2012
me desembaraço
de vãs intrigas
roto laço
a nada me liga
sexta-feira, 14 de dezembro de 2012
festa
sanha
floresta
me acompanha
vida bela
matreira
só esquecendo dela
pra tê-la inteira
segunda-feira, 3 de dezembro de 2012
grave agudo
meu dó re mi fá
canto sobretudo
a (des)graça de cantar
domingo, 25 de novembro de 2012
amuo
lindo
construo
demolindo
regozijo
horrendo
erijo
corroendo
sexta-feira, 16 de novembro de 2012
prece acolhida
perigo medonho
tudo é vida
no véu do sonho
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
se embalança
nessa bossa
dançamos sempre uma dança
que não é nossa
domingo, 11 de novembro de 2012
graça notória
que logo termina
é tanta glória
cheirando a ruína
sexta-feira, 9 de novembro de 2012
louvor
asco
quem chama o salvador
também invoca o carrasco
quarta-feira, 7 de novembro de 2012
velho enredo
que a vida refaz
tudo é cedo
ou tarde demais
segunda-feira, 5 de novembro de 2012
receita
sem igual
me ajeita
caos
chafurdo
do destino
tudo é absurdo
& divino
sexta-feira, 2 de novembro de 2012
campo estéril
floreia
dorme um império
em cada aldeia
domingo, 28 de outubro de 2012
às voltas com extremos
da subida que se fez
cairemos
outra vez
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
por um segundo
desligo o ouvido
às vezes o mundo
é mero ruído
domingo, 21 de outubro de 2012
em esquina sombria
me acolheu
meu guia
eu
sexta-feira, 19 de outubro de 2012
me entreteço
fiado em mim
desde o começo
eu era o fim
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
mundo mudo
oco
às vezes tudo
é pouco
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
calma indócil
verso é frenesi
& ócio
prazer difícil
verso é natureza
& artifício
sábado, 13 de outubro de 2012
luminoso
sombrio
verso é gozo
& calafrio
quinta-feira, 11 de outubro de 2012
no que vagueio
aprumado estou
verso é devaneio
& rigor
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
juízo
delirante
harmonizo
o discrepante
juízo
demente
sintetizo
o incongruente
terça-feira, 9 de outubro de 2012
bordado
que não termino
sou fadado
a fiar meu destino
segunda-feira, 8 de outubro de 2012
no verso que uso
no quadro que pinto
tudo é confuso
& distinto
quarta-feira, 3 de outubro de 2012
semblante manso
furor interno
sou descanso
dos infernos
terça-feira, 2 de outubro de 2012
no que descanso
me reinvento
sou remanso
de tormentos
segunda-feira, 1 de outubro de 2012
aurora
sombria
verso vigora
em dor & folia
graça
agonia
verso grassa
em alma vazia
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
não disse amém
nada me prendeu
livre ninguém
eu
terça-feira, 25 de setembro de 2012
meu verso recolho
em velho roçado
em sonho de olho
arregalado
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
sufoco
sem fim
tempo que corre louco
se amansa em mim
sexta-feira, 21 de setembro de 2012
lobo a caminho
serelepe
cruzo sozinho
minha estepe
festejada
jornada humana
somos velha manada
cruzando savana
vadio
da pá virada
não guio
manada
quinta-feira, 20 de setembro de 2012
velho desejo
belo sonho
no que me esquartejo
me recomponho
antiga voz
que não morreu
sparagmós
eu
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
breu que brilha
se o sol se põe
minha vigília
tem clarões
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
sonhos somem
vácuo vigora
resta o homem
& sua hora
domingo, 16 de setembro de 2012
quadro perfeito
traço rude
meus defeitos
virtudes
sábado, 15 de setembro de 2012
encontro raro
perfeito sim
já não me separo
de mim
grand canyon
andes
verso mignon
me expande
labirinto
folia
verso sucinto
me amplia
sexta-feira, 14 de setembro de 2012
precário
em carne viva
verso é santuário
à deriva
terça-feira, 11 de setembro de 2012
em pleno poente
uma luz irradia
verso é impertinente
alegria
em pleno poente
assoma um clarão
verso é silente
turbilhão
segunda-feira, 10 de setembro de 2012
em mim se exalta
o silente
minhas faltas
são presentes
atento a recital
que eu mesmo componho
o mundo real
me soa a sonho
velho horto
nova colheita
meu verbo torto
me endireita
sábado, 8 de setembro de 2012
louco repente
de caso pensado
canto indiferente
a certo ou errado
quinta-feira, 6 de setembro de 2012
muito me apraz
meu mundo pequeno
sou cada vez mais
menos
suma graça
rosto malsão
sou vida escassa
& multidão
sábado, 1 de setembro de 2012
acaricio
em meu canto
desvario
santo
o que busco
auguro
lusco-fusco
prenhe de escuro
o que busco
se traduz
em lusco-fusco
prenhe de luz
quinta-feira, 30 de agosto de 2012
velhos impasses
mesmo perigo
já se nasce
antigo
tribos delirantes
verdades extremas
tudo como antes
feito em velho poema
quarta-feira, 29 de agosto de 2012
meu peito se queixa
da vida malvada
tristeza é deixa
de boa risada
canto fome
fissura
que me consome
& cura
terça-feira, 28 de agosto de 2012
no que caio
meu canto se eleva
há sempre um raio
no meio da treva
entre doca
& mar imenso
tudo me toca
a nada pertenço
segunda-feira, 27 de agosto de 2012
sem drama
meu verso
a dor me chama
eu desconverso
mundo em desencanto
velho desabrigo
me deixa no meu canto
não mexo contigo
domingo, 26 de agosto de 2012
sem favor ou
consentimento
o que sou
eu mesmo invento
sonhei mil fitos
caminhos a esmo
sou mesmo perito
em ser eu mesmo
sábado, 25 de agosto de 2012
em mim se manifesta
fúria insana
ainda vivo em floresta
& percorro savana
sexta-feira, 24 de agosto de 2012
na jura sincera
no gesto amigo
habita a fera
de tempos antigos
quinta-feira, 23 de agosto de 2012
traço sublime
fio de navalha
poesia redime
& estraçalha
por mais que eu mude
o passado insiste
sou hominídeo rude
de tacape em riste
quarta-feira, 22 de agosto de 2012
aurora carmim
me reamanheço
meu velho fim
um novo começo
terça-feira, 21 de agosto de 2012
novo arrepio
me perpassa
esse mundo vazio
me enche de graça
domingo, 19 de agosto de 2012
quem diz que o mal
não faz
quer ser brutal
em paz
beleza pura
feiura atroz
essa figura
somos nós
sábado, 18 de agosto de 2012
prata largada
no fundo da mina
sou florada
clandestina
terça-feira, 14 de agosto de 2012
no que mergulho
à tona estou
sou entulho
& flor
segunda-feira, 13 de agosto de 2012
me entrego
em sparagmós
cego
& a sós
terça-feira, 24 de julho de 2012
sem teima
ou piti
minha chama queima
por si
sexta-feira, 22 de junho de 2012
me salva do apuro
me conduz
meu lado escuro
é outra luz
terça-feira, 19 de junho de 2012
desafio pequeno
& grande até
conquistar o terreno
do que se é
sexta-feira, 15 de junho de 2012
sempre me trouxe
alegria & tormento
brotar é doce
& violento
quarta-feira, 13 de junho de 2012
agora de alma inteira
sigo sem temor
eu era a última barreira
a transpor
vai meu trem
que a trilha é minha
me leva a um ponto além
de toda linha
terça-feira, 12 de junho de 2012
deriva dura
audaz
demanda menos bravura
que paz
segunda-feira, 11 de junho de 2012
palavra minguada
sentido agudo
versinho é nada
de onde sai tudo
sou
mistura vadia
de dor
& alegria
meu verso me alegra
ou não
à margem de regra
& transgressão
domingo, 10 de junho de 2012
faço pouco
torço o nariz
pra grito oco
que nada diz
fala mansa
gesto parado
como me cansa
ser civilizado
de ira não sou
forro
se acalmo o furor
me acamo & morro
sábado, 9 de junho de 2012
bem tarde
mas longe do fim
entrei na vida que arde
fora de mim
me espalho
me invento
em frangalhos
& monumento
sexta-feira, 8 de junho de 2012
tudo consumido
só não se perdeu
um último resíduo
eu
meu verso condiz
com outra dicção
sou minha própria matriz
& padrão
quinta-feira, 7 de junho de 2012
em plena peleja
no horror da guerra
o céu beija
a terra
quarta-feira, 6 de junho de 2012
santuário
errante
meu verso precário
& exuberante
terça-feira, 5 de junho de 2012
epifania
em alma indefesa
me asfixia
tanta beleza
sexta-feira, 1 de junho de 2012
sou eu meu brinquedo
que monto & desmonto
me arredo de enredo
em que tudo está pronto
quinta-feira, 31 de maio de 2012
se me imponho
rotina tacanha
vem sonho
& me assanha
quarta-feira, 30 de maio de 2012
pavio
candeia
meu verso sombrio
me incendeia
terça-feira, 29 de maio de 2012
sigo adiante
no meio da bruma
meu verso errante
me apruma
segunda-feira, 28 de maio de 2012
sou
o interstício
entre voo
& precipício
é tanto lacaio
tanto desmando
melhor eu me saio
assoviando
peito oco
pé na cova
este sufoco
me renova
domingo, 27 de maio de 2012
clima inclemente
solo ruim
minha semente
germina em mim
surgiu
de minha semente
estio
& solo indiferente
sábado, 26 de maio de 2012
empenho
medonho
franzo o cenho
obro o sonho
de mim dirão
um dito duro
não tinha tradição
tampouco futuro
é tanta
minha força de ser
que suplanta
qualquer pertencer
sexta-feira, 25 de maio de 2012
velha trova
verso tolo
me falta boa nova
me sobra desconsolo
nada me incensa
ou me priva
sou indiferença
viva
quinta-feira, 24 de maio de 2012
meu canto
ultrapassa
desencanto
& graça
nas dobras
de toda morada
se obra
terra arrasada
em festa
sob sol a pino
se gesta
sombrio destino
agudo
blasé
sou tudo
que se pode ser
quarta-feira, 23 de maio de 2012
acato a cota
do mal
broto já brota
brutal
rota
do roto
o que se esgota
cai no esgoto
quem diria
agora alcanço
a agonia
dos mansos
me entrego
sem senão
a desespero cego
& mansidão
terça-feira, 22 de maio de 2012
à memória de Célio Silva
de luto
de repente
sou o furor dos brutos
& a placidez dos dementes
após sofrimentos sem fim
& heroicos rompantes
vi que nem sou assim
tão importante
em verso curto
breve
meu surto
se inscreve
quando
em surto
me expando
em verso curto
trova exígua
verso curto
abriga
meu surto
que vergonha
minha lira
de dia sonha
de noite delira
em asilo
minha vida volveu
era tudo tranquilo
só não era eu
segunda-feira, 21 de maio de 2012
troco alma tensa
por viva
indiferença
sexta-feira, 18 de maio de 2012
quem diria
abriu-se o ovo
é meu primeiro dia
de novo
quem espera
não alcança
diz o vate
mato a fera
da esperança
antes que ela me mate
ínfima horta
colheita infinita
letra morta
me ressuscita
quinta-feira, 17 de maio de 2012
agora
que me esboroo
quem sabe é hora
de outro voo
agora
que me elimino
quem sabe é hora
de outro destino
agora
que me aniquilo
quem sabe é hora
de novo estilo
inglória
jornada
como pesa uma vitória
adiada
sonho infantil
se esboroa
nunca existiu
época boa
agora
que me despedaço
quem sabe é hora
de novo traço
quarta-feira, 16 de maio de 2012
agora
que me desencanto
quem sabe é hora
de outro canto
agora
que eu já era
quem sabe é hora
de outra quimera
agora
que me decomponho
quem sabe é hora
de outro sonho
agora
que me desvaneço
quem sabe é hora
de outro começo
desfeito
o velho caminho
quem sabe meu peito
é novo ninho
agora
que me perco
quem sabe é hora
de ruir o cerco
farto
da velha rota
que belo parto
a derrota
terça-feira, 15 de maio de 2012
meu fado
é o que é
nado
contra a maré
segunda-feira, 14 de maio de 2012
velho menino
ciclo eterno
ressurjo divino
do inferno
embora me custe a
paz
angústia
me refaz
seca brava
jardim
o mundo que eu esperava
esperava por mim
o dia
me passa
em agonia
& graça
domingo, 13 de maio de 2012
tibieza
gesto vão
os que cantam grandeza
pequenos já são
minha prosa
irmana
paz ociosa
& guerra insana
sexta-feira, 11 de maio de 2012
graça que colho
em breve segundo
fecho o olho
se abre um mundo
me desfaço
lentamente
em velho cansaço
& gozo silente
meu legado
o que em mim não morreu
um pronome cansado
eu
quinta-feira, 10 de maio de 2012
em todas as batalhas
todas vãs
mãos santas & canalhas
são irmãs
quarta-feira, 9 de maio de 2012
me delicio
com a pintura
em céu vazio
vida pura
segunda-feira, 7 de maio de 2012
alma vetusta
fazendo pirraça
nada me custa
meu estado de graça
minha lei
& cura
me acheguei
à vida pura
tudo silencia
meu peito não
travessia
é solidão
domingo, 6 de maio de 2012
lenta agonia
súbito clarão
na terra que estia
flores nascerão
sábado, 5 de maio de 2012
canto o poder
& o sabor
de ser
quem sou
sexta-feira, 4 de maio de 2012
verso que invento
me recria
em desalento
& alegria
quinta-feira, 3 de maio de 2012
doente
sem remédio
sou alma ardente
& tédio
me vejo
atacado
de desejo
& enfado
desconfio
que sou malsão
de desvario
& razão
temo
ser enfermo
de extremos
& meio termo
quarta-feira, 2 de maio de 2012
rumor de festa
terra estéril
gesta
império
longa noite
intempérie
o sol que se acoite
o dia que espere
terça-feira, 1 de maio de 2012
barco à toa
com ou sem vento
vida boa
é esquecimento
enfado
em letra viva
sou sagrado
à deriva
sábado, 31 de março de 2012
Pausa
Pessoas, o Falta volta no primeiro de maio.
Obrigado.
Grande abraço.
domingo, 25 de março de 2012
imito
com traço preciso
fruto maldito
paraíso
quinta-feira, 22 de março de 2012
infância
eu tudo sabia
na errância
daqueles dias
força tremenda
me conduz
no chão fenda
no céu luz
cruzo limiar
de mundo sem lei
não sei se vou voltar
nunca sei
teço fio
entre
selva hostil
& cálido ventre
mal caio
meu voo se apruma
sou raio
& pluma
canto ode
ao poeta
que tudo sacode
& aquieta
quarta-feira, 21 de março de 2012
passo
original
faz de mundo baço
portal
terça-feira, 20 de março de 2012
de tudo prescindo
com tudo me irmano
solto em infindo
oceano
segunda-feira, 19 de março de 2012
telas que pinto
frágil fio
em mim o distinto
se fundiu
invento estrada
escalo montanha
não levo nada
ninguém me acompanha
domingo, 18 de março de 2012
de novo se inflama
o que em mim não morreu
minha chama
eu
onde nada
havia
pintei estrada
& estrela guia
sexta-feira, 16 de março de 2012
bem perfeito
sumo mal
sou estrelas no peito
de noite imortal
fado
raro
sou encantado
desamparo
definho
em vida nova
sou ninho
& cova
todo meu
dissabor
guarda o deus
que sou
quinta-feira, 15 de março de 2012
noite preta
instante preciso
mergulho em sarjeta
& paraíso
graça espúria
puro pranto
sou todo fúria
& desencanto
criança
nua
meu tempo não avança
nem recua
herói que se arrasa
& funda o presente
andei sobre brasa
nasci novamente
nova lousa
velha figura
o herói repousa
do mundo que inaugura
me canta o verbo exato
que ninguém escreveu
esse anonimato
sou eu
quarta-feira, 14 de março de 2012
firme espada se repõe
em meu punho tranquilo
amo os dragões
que aniquilo
sábado, 10 de março de 2012
na bandeja
morto sublime
a mão que esquarteja
redime
buraco
nova trilha
meu verso opaco
me rebrilha
chegada
deriva
a folha imaculada
& viva
quarta-feira, 7 de março de 2012
sopro de vida
em tinta asperso
na folha ferida
a cura do verso
novo lugar
velha folia
sou sabá
no meio do dia
terça-feira, 6 de março de 2012
sou pré
pós
belo corpo de pé
em horrendo sparagmós
rasgado perante
os olhos de deus
sou o corpo exuberante
de penteu
domingo, 4 de março de 2012
arranco
verso a verso
de inferno branco
universo
à morte me atraso
finjo que não vou
sou ocaso
em flor
silêncio me fez
a alma canora
ecoo a mudez
que canta na aurora
sábado, 3 de março de 2012
brilho cansado
em fim de apogeu
o mesmo fado
o céu & eu
janela pequena
paisagem gigante
mentes serenas
são delirantes
conceito indeciso
firme loucura
novo juízo
meu verso inaugura
ambos sou eu
juízo demente
prometeu
emplumada serpente
o que diz meu juízo
meu corpo sente
sintetizo
o incongruente
sexta-feira, 2 de março de 2012
a veia sugada
virada do avesso
o fim da picada
é outro começo
desgarrado
transito
entre enfado
& mito
num nada
exercito
a dança parada
do meu rito
quinta-feira, 1 de março de 2012
sou
suma da vida
genitor
& parricida
sob o manto
trabalha
meu rosto santo
& mão canalha
escancarado
o cerne exposto
sou descarado
& mil rostos
quebra
liga
minha voz celebra
aurora antiga
forma pura
tiro no peito
verso é feitura
& efeito
quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
frio começo
vazio tremendo
tudo esqueço
& aprendo
austero
bufão
sou grau zero
da razão
mão ligeira
alma tesa
poli maneiras
colhi tristeza
dorme
minha mão alerta
em massa informe
um mundo esperta
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
mestiço
canto
sou feitiço
& desencanto
carinho
açoite
desço sozinho
ao fim da noite
vida extrema
peito desnudo
em poema
sou um com tudo
insano refém
nada o conforma
verso é desdém
de norma
traduzi-a
em louco transporte
poesia
é morte
fado medonho
graça tamanha
vida é sonho
& sanha
cada nota
novo alvor
nada esgota
o canto que sou
domingo, 26 de fevereiro de 2012
traço
em mim
fio de aço
& cetim
meu fio me traça
& costura
em graça
& agrura
no traço
em que me fio
me desfaço
em cio
fio
em que me traço
aboliu
tempo & espaço
sábado, 25 de fevereiro de 2012
remanso
agrura
verso que alcanço
me procura
tormento
alegria
verso que invento
me recria
luz & breu
do firmamento
tudo nasceu
do esquecimento
dia mudo
vazio fecundo
esquecido de tudo
invento um mundo
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
da morte dos frígios
ao canto que invento
tudo é prodígio
do esquecimento
voz enfermiça
da madrugada
meu canto eriça
serpente emplumada
cio
nudez que apruma
quem me despiu
serpente de plumas
supremo desdém
ausência de fito
volver a ninguém
me fez infinito
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
canção que enleva
furor que asfixia
me afunde nas trevas
me cante alegria
insólito
construto
sou monólito
dissoluto
minhas terras profanas
são templos de elêusis
ausculto a semana
converso com os deuses
mãe abutre
sombria aurora
me nutre
& me devora
em senda escura
me deparo
com clausura
ou desamparo
alheio
à férrea cadeia
sou livre no meio
que me cerceia
não me adestra
destino
minha linha mestra
eu imagino
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
a morte convida
à hora extrema
a ouvir a vida
na voz do poema
terça-feira, 21 de fevereiro de 2012
decolo
adejo
me aguarda solo
me guarda desejo
de minhas minas emana
o bem do mal
cada semana
uma morte seminal
nas pelejas que os consomem
colhidos em pó
touro & homem
são um só
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
meu verso se presta
a sim & não
sou vasta floresta
& devastação
no fundo da gruta
se abre um céu
sou rocha bruta
& hábil cinzel
no que me desfaço
minha forma se apura
sou pobre estilhaço
& bela escultura
praga
cura
verso esmaga
& estrutura
de lua
meu instante
flutua
num céu distante
sábado, 18 de fevereiro de 2012
noite entorna
folia
sob a calma morna
do meu dia
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
quando atravesso
o portal do instante
de mim me despeço
me encontro adiante
forte
esvaída
na porta da morte
a vida é mais vida
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
costura
aberta
fronteira enclausura
& liberta
nas frestas
em que me incrusto
abre-se em festa
um mundo augusto
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
canção do passado
nova aurora
meu verso cansado
me revigora
granito
nuvem dispersa
meu mundo restrito
com tudo conversa
colo ardente
mente blasé
tudo é exatamente
o que tinha que ser
terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
thanks to kaq
ubíqua teia
do som o osso
tudo gorjeia
eu ouço
fronde rasteira
voo pleno
vivo além das fronteiras
de meu corpo pequeno
minha horda impura
tudo invade
sou mistura
& novidade
tudo que vem
de todos os lados
desdenha o desdém
me cura o enfado
noite vazia
silêncio arguto
essa melodia
eu escuto
aduzo
desminto
tudo é profuso
& sucinto
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
me encaminha
deriva eterna
andar na linha
me desgoverna
sinto
acuso
tudo é distinto
& confuso
nada captura
meu peito aflito
sou exígua moldura
& quadro infinito
desengonçado
o mundo balança
a música prum lado
pro outro a dança
desamor
da última treva
não vou
a morte me leva
me corta a pena
me cala a festa
em vida plena
a morte me assesta
domingo, 12 de fevereiro de 2012
da vida sou jorro
sem fim
um dia morro
apesar de mim
mentecapto
demente
capto
o silente
desastre
vida avessa
nada que me castre
ou esmoreça
ninguém
que eu imite
repouso além
de todo limite
sábado, 11 de fevereiro de 2012
certezas em baixa
melhor não sabê-las
o chão racha
miro as estrelas
velha regra
letra morta
não me alegra
nem me importa
velejo
encalho
sou puro desejo
& enxovalho
abrigo
dor infinita
o lago antigo
que me habita
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
paralisia
pé na estrada
cruzo a porta do dia
caio em noite cerrada
plebes peregrinas
aonde se dirigem
a vida germina
na origem
turba estulta
cativa
a vida avulta
na deriva
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012
tudo consente
folia enfado
meu peito imponente
& devastado
fio de prata
tece o laço
de terra intata
& céu devasso
sem rota certa
ou onde me assente
entre terra deserta
& céu silente
peito aberto
sigo meu fado
sem rumo certo
ou errado
tormenta
calmaria
tudo alimenta
nada sacia
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012
sem prece opressa
ou medo medonho
o mundo começa
no fim do sonho
paz
sanha
tudo me apraz
nada me apanha
antro imundo
alta cultura
invado os mundos
nenhum me caputra
terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
sem tempo ou espaço
meu corpo flutua
entre céu devasso
& terra nua
doce pena
prazer difícil
sou vida amena
& sacrifício
desbravo o caminho
tropeço adiante
sou passo mesquinho
& exuberante
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
fim horrrendo
belo começo
tudo aprendo
& esqueço
em estranha permuta
minha vida se enfeita
sou vida dissoluta
& forma perfeita
da funda raiz
em que me assento
fruto feliz
é esquecimento
meu olho nu
não colhe nada
que não céu azul
& terra arrasada
domingo, 5 de fevereiro de 2012
além de formato
& fronteira
arrebato
a vida inteira
fulgura
em linha reta
a loucura
do poeta
em obra fina
leve
a ruína
de quem escreve
dor infinita
vala escura
morte suscita
vida pura
ferida aberta
dor incontida
morte oferta
pura vida
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012
sangue estanca
amado sintoma
em morte branca
a vida assoma
mão transida
verbo contido
vera vida
dispensa alarido
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
no deserto
me consolo
céu aberto
me dá colo
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
lança em riste
colo ofertado
tudo existe
em bruto noivado
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
luz vazia
clara retina
onde tudo principia
& termina
verso é sacra
loucura
massacra
cura
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
de blague em blague
de bug em bug
até que me apague
mundos se erigem
vida que acorda
se abrem à origem
me espraio nas bordas
subo
caio
sucumbo no adubo
colho o raio
me acaricia
sob o manto
alegria
de ser tantos
domingo, 29 de janeiro de 2012
deriva louca
porto seguro
durmo de touca
me atiro no escuro
sábado, 28 de janeiro de 2012
misto cenho
riso sisudo
é de longe que eu venho
& venho com tudo
o que passa
permanece
como trapaça
& prece
sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
aperto
em mim
deserto
& jardim
sacramento
noivado
de baixo excremento
com espírito elevado
voz circunspecta
grande tablado
tudo se conecta
com fio falhado
primo
por voz derradeira
sou rei de imo
& fronteira
me desfaço
em linha falha
na folha o traço
me estraçalha
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
meu coração é tal
que história antiga
de bem contra o mal
lhe cura a fadiga
leveza
que se aferra
minha alma presa
entre céu & terra
na terra arrasada
um fio de húmus persiste
minha última cartada
curinga triste
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
assim se acha
o incauto
em nuvem baixa
salto alto
terça-feira, 24 de janeiro de 2012
quarto escuro
nau sem cais
saudade de futuro
que não chega jamais
cultivo
demente
lavoura do vivo
presente
venha comigo
sejamos 1
em tempo antigo
& lugar nenhum
segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
me desespero
deliro de gozo
tudo é vero
& enganoso
sábado, 21 de janeiro de 2012
selada a masmorra
da dor mais aguda
não há nada que socorra
nada que acuda
por mais que trabalhe
& cante
o verso é sempre um detalhe
irrelevante
sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
a pressa abolida
se insinua
a vida
nua
à deriva
em mar parado
tudo se esquiva
se achega o fado
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
se faz pleno
o que em mim é
desde o menos
ao nulo até
enfim ao léu
em mar morto
sem céu
ou porto
a imaginação
– enorme –
abarca o vão
o informe
flor
cio
acolho o vigor
do dia vazio
quarta-feira, 18 de janeiro de 2012
nada a fazer
a intenção gasta
ser
me basta
terça-feira, 17 de janeiro de 2012
sempre me acho
em sim feito não
o céu vem abaixo
me ergo do chão
segunda-feira, 16 de janeiro de 2012
o solo que habito
o tempo esqueceu
um campo infinito
eu
isso que lembro
nunca me esquece
sou o único membro
de minha espécie
meu mal meu bem
o que me aprisiona
me dá carona
pra muito além
de ninguém sou rei
não há quem me aceite
me inventei
pro meu próprio deleite
agruras eternas
ou bem sem caminho
ou mal das pernas
domingo, 15 de janeiro de 2012
vida que expira
morte que espanta
sou tosca mentira
em língua santa
em mim me assento
em tudo me espalho
sou monumento
em frangalhos
cabeça que gira
pé na cova
sou morte que inspira
vida nova
entoo meu grito
em exíguo quadrado
sou infinito
demarcado
esse cosmo não é meu
não me tem esse caos
a eles digo adeus
a mim dizem tchau
se tanto
um pio
meu canto
quem ouviu
de repente
sem senão
o céu pousa rente
ao chão
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