não disse amém
nada me prendeu
livre ninguém
eu
meu verso recolho
em velho roçado
em sonho de olho
arregalado
sufoco
sem fim
tempo que corre louco
se amansa em mim
lobo a caminho
serelepe
cruzo sozinho
minha estepe
festejada
jornada humana
somos velha manada
cruzando savana
vadio
da pá virada
não guio
manada
velho desejo
belo sonho
no que me esquartejo
me recomponho
antiga voz
que não morreu
sparagmós
eu
breu que brilha
se o sol se põe
minha vigília
tem clarões
sonhos somem
vácuo vigora
resta o homem
& sua hora
quadro perfeito
traço rude
meus defeitos
virtudes
encontro raro
perfeito sim
já não me separo
de mim
grand canyon
andes
verso mignon
me expande
labirinto
folia
verso sucinto
me amplia
precário
em carne viva
verso é santuário
à deriva
em pleno poente
uma luz irradia
verso é impertinente
alegria
em pleno poente
assoma um clarão
verso é silente
turbilhão
em mim se exalta
o silente
minhas faltas
são presentes
atento a recital
que eu mesmo componho
o mundo real
me soa a sonho
velho horto
nova colheita
meu verbo torto
me endireita
louco repente
de caso pensado
canto indiferente
a certo ou errado
muito me apraz
meu mundo pequeno
sou cada vez mais
menos
suma graça
rosto malsão
sou vida escassa
& multidão
acaricio
em meu canto
desvario
santo
o que busco
auguro
lusco-fusco
prenhe de escuro
o que busco
se traduz
em lusco-fusco
prenhe de luz