Falta Dizer
terça-feira, 31 de maio de 2011
cantiga
silente
o eterno se abriga
no presente
ausente
passado que me adestre
presente
meu mestre
no presente
o sentido
se acha ausente
& perdido
segunda-feira, 30 de maio de 2011
minha aura vigora
ou já se extinguia
depende da hora
depende do dia
som vão
no fundo do poço
é minha canção
que eu não ouço
rei do escracho
pobre arlequim
a graça que acho
está em mim
domingo, 29 de maio de 2011
rompi as travas
do velho fado
eu me esperava
do outro lado
o que sou
tudo abarca
de torpor
a fuzarca
arqueiro à toa
indomado
minha seta voa
pra todo lado
sábado, 28 de maio de 2011
intenso
incomum
não pertenço
a mundo algum
sexta-feira, 27 de maio de 2011
o verbo carne se fez
a carne verbo virou
me toca o texto da tez
no verso me fala o sabor
de além
não sou crente
alma a carne já tem
o suficiente
quinta-feira, 26 de maio de 2011
verbo falaz
gesto pequeno
pede demais
quem dá de menos
segunda-feira, 23 de maio de 2011
minha delicada estrela
serei brutal
pra mantê-la
domingo, 22 de maio de 2011
no mesmo compasso
pro mal ou pro bem
os versos que faço
me fazem também
regra primeira
que me norteia
sou mais minha cegueira
que a luz alheia
pra onde me movo
que faço afinal
sou produto novo
sem manual
sábado, 21 de maio de 2011
quem me procura
me acha entre
alta cultura
& baixo ventre
sexta-feira, 20 de maio de 2011
silêncio espesso
me arrasta ao fundo
em recomeço
do mundo
quinta-feira, 19 de maio de 2011
parco lume
incerto devir
que eu me consume
antes de me consumir
poesia
é treva
que alumia
tonto
prossigo
conto
comigo
vaca profana
touro sagrado
tudo se irmana
no meu teclado
quarta-feira, 18 de maio de 2011
esse engodo
como dói
o tempo todo
posar de herói
reparando bem
meu caso
é de ocaso
& de aurora também
sutil sutura
a calma tensa
entre a loucura
& a indiferença
terça-feira, 17 de maio de 2011
escuto
eco distante
nada é absoluto
ou desimportante
deriva
boa
minha pena viva
voa
gigante
tacanho
me assombro diante
do meu tamanho
céu sem cor
chão também
um o outro tocou
amém
segunda-feira, 16 de maio de 2011
me acometeu
desejo louco
não ser mais eu
outro tampouco
domingo, 15 de maio de 2011
outro comando
os passos que eu sigo
são os que eu vou dando
me conduz
me leva
luz
& treva
sábado, 14 de maio de 2011
água nua
clarão sem par
eu sou a lua
que toca o mar
em mundo plano
sem bem nem mal
o cotidiano
é fenomenal
sexta-feira, 13 de maio de 2011
axis mundi
himeneu
meu nome se funde
no seu
o que eu faço
a cada fim
pra juntar os pedaços
de mim
abri meus braços
deixei cair
meu erro crasso
existir
vivo em certo
desconforto
se me conserto
tô morto
me aguça o tino
me rouba o juízo
velho menino
dioniso
me distraio perante
notícias sem fim
sou fato bastante
pra mim
na hora do coma
no meio do fim
a vida assoma
& eu digo sim
quarta-feira, 11 de maio de 2011
louca gangorra
à vida me movo
tão logo eu morra
de novo
volva ao ovo
pra ter um ninho
& piar quentinho
de novo
não franzo o cenho
pra que chegar
de longe eu venho
devagar
terça-feira, 10 de maio de 2011
dor infinita
peito pequeno
às vezes faço fita
de trinitrotolueno
questão de segundos
me abro pro vácuo
me fecho no mundo
toda canção
tem começo & fim
a minha vai do sim ao não
do não ao sim
a lua me acorda
me embala o clarim
eu vivo na borda
do mundo & de mim
se me agonia
me alenta
sou da turma da calmaria
& da tormenta
segunda-feira, 9 de maio de 2011
aquém de pessoa
do mal & do bem
entoo à toa
a canção de ninguém
a bolha do pudor
que se exploda
eu quero é meu amor
com a bola toda
comigo o amor
só tem moral
porque a rigor
é amoral
domingo, 8 de maio de 2011
alma vasta
sonho mudo
minha festa me afasta
de tudo
tac-tic
tic-tac
o relógio não marca meu pique
também não marca meu baque
voo superior
rastejo aderente
sou condor
& serpente
minha trova
exangue
renova
o big-bang
verbo escasso
turvo sonho
me faço em pedaços
me recomponho
sábado, 7 de maio de 2011
ainda que eu tente
meus ramos podar
acabo semente
em todo lugar
sexta-feira, 6 de maio de 2011
sim do não
criar o poema
é dor extrema
& redenção
em mim interagem
& dizem quem sou
coragem
& horror
quinta-feira, 5 de maio de 2011
rasgar um corpo vivo
humano
sempre foi primitivo
nunca foi engano
chaga no seio
fluxo inexato
meu tempo é cheio
de hiatos
quarta-feira, 4 de maio de 2011
bruto sabre
hábil cinzel
o inferno me abre
o céu
negra lis
no peito
eu não te quis
eu te aceito
terça-feira, 3 de maio de 2011
alma vasta
vida imensa
criar se basta
como recompensa
segunda-feira, 2 de maio de 2011
peito aberto
juízo curto
rejeito o certo
receito o surto
caminha o poeta
na trilha errante
à nudez completa
do instante
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