meu verso se esgueira

pra fora & pra dentro

cria nova fronteira

renova o centro

denso

vazio

é o instante em que penso

& me crio

a tal hora amiga

não acho onde

o sol me castiga

a noite se esconde

cai a neve em toque brando

meu instinto não erra

é o céu se casando

com a terra

enfado

alegria

meu verso cravado

na carne do dia

rota sabida

bumerangue

me lanço em pura vida

retorno em corpo exangue

verbo fecundo

alma vazia

fim de mundo

é todo dia

todo meu ser

se concentra no ofício

de se manter

físsil



alento além

de tudo que fora

ser livre ninguém

em vila acolhedora

meu corpo se deita

sobre a terra que floresce

& prepara a colheita

de minha última prece

me ergo só

em tudo me assento

sou velho pó

que brinca no vento

retardo o vento

me guardo distante

sou lento

como um largo instante

minhas asas voarão

por breve segundo

dos destroços no chão

se erguerá um mundo

não me acho

nessa esgrima

meu toque é mais embaixo

ou mais em cima

ponto perfeito

corte profundo

rasguei o peito

cosi o mundo

força estranha

corte agudo

vasculho as entranhas

de tudo

Convite

Publico diariamente (ou quase) breves artigos (ou crônicas) em http://df-dc.blogspot.com.
Muita me honraria uma visita de vocês ao meu novo blog.
Grande abraço.

mergulho no lodo

me espraio além

sou  todos

& ninguém

doceatroz

rosto & véu

sou velha voz

do impossível

ginandroceu

plástica flor

a rigor nem eu

eu sou

já se desfaz

nem bem eu teço

estou sempre atrás

de recomeço

conjunto

completo

sou defunto

& feto

minha pena

pega carona

na cena

que desmorona

devastação

pavorosa

é botão

de rosa

me orgulho

de minhas ruínas

sou entulho

que germina

festejo

minha cova

sou ensejo

de vida nova

das sobras

que fito

se obra

o infinito

sopro de vida

própria lei

nas chances perdidas

me encontrei

mera ralé

rosto raro

tudo é

desamparo

a chama bela

do verso eterno

é aquela

do inferno

pra quem se enreda

em busca genuína

a queda

não termina

renasça

o que expirou

sou carcaça

em flor

cada um que lute

com seu próprio talento

cacem o mamute

o fogo eu sustento

de finado

a fineza

nasce o agrado

da carne tesa

despencou

germina

sou vigor

da ruína

mundos que se erigem

vida que acorda

se abrem à origem

me lançam às bordas

em mim se reúna

sim com não

sou oportuna

destruição

de ilusão

a granito

plasmo com a mão

meu sonho infinito

Pequena pausa

Pessoas queridas, o Falta Dizer vai fazer uma pequena pausa e retorna ao seu funcionamento normal no dia 17 de outubro. Até lá.

perfeita

trilha

não sigo seita

não me tolhe ilha

vida nova se descerra

início vem de fim

o céu pousa na terra

eu em mim

terra arrasada

pico

desfeito em nada

me multiplico

entoo um ai

vertido em canto

a casa cai

eu me levanto

fim de linha

desconheço

o mundo definha

eu amanheço

fulcro

borda

sou sepulcro

que acorda

no verso que invento

agonia

somente tormento

me alivia

razão incontida

paixão no apogeu

abrigo vida

maior que eu

firme esteio

casa ruindo

sou seco veio

& jorro infindo

terra inerte

ausência de céu

mundo se converte

em mundéu

vaga-lume

criança

em denso negrume

minha alma dança

minha alma alcança

em negrume

lume

& guiança

sacra

agonia

massacra

& propicia

luz que me banha

& cura

colhi em estranha

negrura

algaravia

pura

nas tintas turvas havia

pintura

me isento

me privo

de sofrimento

intransitivo

festa

cura

a graça se gesta

na agrura

desejo fero

fera ferida

agonia é grau zero

da vida