segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Sobre líderes e lideranças

O que é peculiar ao histórico dinamismo econômico dos Estados Unidos?
Uma combinação feliz entre os seguintes fatores:

1) inventividade científico-tecnológica em larga escala;
2) empreendedorismo;
3) propensão de muitos donos do dinheiro a investimentos de risco;
4) investimento em marketing, como um sistema composto de estratégias de venda, que inclui, mas não se resume à propaganda;
5) fortíssima propensão ao consumo;
6) prestígio da busca pelo enriquecimento amplamente disseminado na sociedade.
7) aversão ao parasitismo estatal, expresso no forte controle da mídia e dos cidadãos sobre os políticos e os governos.

Obviamente, o sistema moldado por essa combinação não é perfeito nem totalmente coerente.

Ele não consegue, por exemplo, evitar que a especulação financeira acabe drenando recursos que poderiam entrar no circuito de inventividade, empreendedorismo, investimento de risco etc.

Não consegue, também, impedir o parasitismo dos programas militares.

Tampouco é um sistema baseado unicamente em iniciativa privada, já que o Estado norte-americano pratica o protecionismo a setores menos competitivos de sua economia.

Por último, no rol das ressalvas, esse não é um sistema que se vale somente de processos econômicos:  ele já se beneficiou inímeras vezes da intervenção imperial, via chantagem ou intervenção bélica e via conspiração política internacional para frustrar interesses econômicos concorrentes.

Apesar das ressalvas, a combinação de fatores que ainda constitui o dinâmico sistema norte-americano trouxe os EUA à liderança econômica mundial.

Os países que desafiaram os EUA no passado (Alemanha, Japão, Rússia) não se caracterizavam pelo mesmo dinamismo.

Os países que desafiam os EUA no presente, apesar do impressionante vigor chinês, não se caracterizam pelo mesmo dinamismo.

Pode ser que, por isso, venham a fracassar, como ocorreu com os antigos desafiantes.

Muitos creem, inversamente, que chegou a vez da China; dizem que o poderio dos EUA está em rápido declínio e que em poucas décadas o poder econômico mundial terá mudado de mãos.

Como, para alcançar a liderança, terão se pautado por outro modelo, isso implicará não somente que o mundo terá novo líder, mas terá também outro jeito de liderar - menos dinâmico, menos transparente, mais autoritário, mais estatal.

E, pra você, o que falta dizer?

4 comentários:

  1. Fico feliz com a volta do blog, algo a ser acompanhado em 2011.

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  2. Meu caro amigo "Uóxitoniano", é por isso que eles já estão no caminho da retomada econômica, por possuírem toda uma estrutura produtiva, uma cultura empreendedora e lideranças voltadas à P&D. Este último, acredito eu, é o que falta à China e é o que vai lhe fazer "perder" o fôlego em algum momento, pois até então ela tem sido ótima na "reprodução" de tecnologia desenvolvida em outros países.
    Quanto a nós só nos resta lamentar, pois a visão impregnada de um certo "totalitarismo estatal" nestes últimos 8 anos foi justamente contrária ao que observa-se nos EUA. Um Estado paternalista, estatizante, controlador e extremamente ineficiente na gestão financeira, que buscou sustentação nas artimanhas contábeise e fiscais. É esperar para ver...
    Ao menos hoje um alento, uma boa notícia no que diz respeito à privatização dos aeroportos, um sinal de que pode haver esperança. Um forte abraço.
    Gerhard

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  3. li a notícia sobre privatização de aeroportos e abertura de capital da infraero. concordo com vc que pode ser um alento. mas, atenção: o modelo de privatização do pt privilegia setores do capital, compromete a transparência e fortalece a burocracia antes sindical, agora estatal. vide caso da petrobras. gd abraço!

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  4. de saída, um comentário de isaías. bom começo!
    td de bom, amigo.

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