quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Soa familiar essa história?

Os partidos viraram meros comitês eleitorais.
Os comitês eleitorais são controlados por um ou no máximo uns poucos indivíduos.
Esses poucos indivíduos, quando precisam escolher os seus sucessores, naturalmente escolhem alguém em quem confiam.
Na maioria das vezes, os mais confiáveis são seus parentes.
Mesmo quando não se trata de uma transferência direta de poder, o parente do figurão já encontra um ambiente de adesismo (para não dizer puxa-saquismo) bastante favorável.
Às vezes, o herdeiro político tem méritos inegáveis; outras vezes, é um mero caroneiro.
Deem uma examinada na política brasileira.
Confiram se não está se expandindo a prática da familiarização partidária.
Os partidos oligárquicos sempre se comportaram assim.
No DEM, por exemplo, Rodrigo Maia, Paulo Bornhausen e ACM Neto se esforçam para herdar o protagonismo, respectivamente dos pais e do avô.
Aqui em Brasília, temos a candidatura aberrante de Weslian Roriz, que não é filha, mas é esposa.
Mas nos partidos não oligárquicos a prática parece se disseminar.
Aécio Neves, do PSDB, é neto de Tancredo.
Bruno Covas, do PSDB, neto de Mário Covas, foi o deputado estadual mais votado de São Paulo.
Brizola Neto, herdeiro de Leonel Brizola, não conseguiu se reeleger, mas foi deputado de destaque do PDT e tudo indica que se manterá ativo na política nacional.
Eduardo Campos, neto de Miguel Arraes, é presidente nacional do PSB.
Zeca Dirceu, filho de Zé Dirceu, se elegeu deputado federal pelo PT do Paraná.
Há muitos outros exemplos.
Um é particularmente preocupante: o da candidata que está prestes a se eleger presidente do Brasil.
Lula não é pai dela, é só padrinho; ela, portanto, não é filha, é só afilhada.
Mas o método de escolha foi em tudo semelhante à transferência familiar do poder.
Morto o PT, por desafagem programática e pelo escândalo do mensalão, coube a Lula escolher alguém da sua estrita confiança – escolha soberana, unipessoal.
Esse é um dos aspectos mais tristes deste soturno segundo turno.

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