domingo, 24 de outubro de 2010

A toque do choque

Não é a primeira vez que o Brasil cresce em ritmo acelerado.
Antes da Independência, enquanto a família real portuguesa estava no Brasil, o Rio de Janeiro, por exemplo, era um de noite, outro de dia, e já outro na noite seguinte, e assim por diante.
O mesmo se pode dizer do Brasil urbano dos anos Vargas e dos anos de chumbo, ou do Brasil rural em meados dos anos 1970, com a chamada Revolução Verde.
Também não é a primeira vez que o Brasil faz crescer amplamente sua classe média.
Isso ocorreu no ciclo do ouro, na região das minas.
Ocorreu também no ciclo da borracha, em Manaus.
Ocorreu ainda nos períodos de crescimento acelerado descritos acima.
Agora, mais uma vez, o Brasil está em estado de choque.
O país novamente cresce e amplia fortemente sua classe média.
O choque atual pode, com algum simplismo, ser chamado de China.
A China compra muito do Brasil, e isso bomba nossa economia.
A China vende muito para o mundo, acumula reservas estratosféricas, empresta para o mundo; esse crédito chega ao Brasil e bomba nossa economia.
Em todas as outras vezes, os choques que bombearam e bombaram nossa economia cessaram, o que fez nossa economia murchar.
Em nenhuma das outras vezes, o momento positivo foi visto como uma oportunidade para nos transformar em uma sociedade e uma economia do conhecimento.
Uma sociedade e uma economia do conhecimento são capazes de prosperar mesmo sem choques positivos.
Desta vez, nenhum dos candidatos à Presidência, tampouco as forças políticas que eles representam, revelam uma mínima compreensão da questão e um mínimo preparo para impulsionar o Brasil rumo a uma sociedade e uma economia do conhecimento.
Tudo indica que, com esses líderes que dominam nossa política, nossa economia vai, lá adiante, novamente murchar.
Nulo neles.

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