segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A morte do passaporte (1)

Havia as regras do petróleo definidas por FHC.
Aí descobriram o pré-sal.
Óleo excelente, abundante.
Nas primeiras licitações para a exploração do pré-sal, foram seguidas as regras de FHC.
Mas alguém disse: – Parem as licitações! Precisamos de novas regras.
Foi o governo Lula que disse.
As regras de FHC não eram as melhores para o Brasil. Segundo essas regras, o petróleo era da empresa exploradora.
Era preciso definir que o petróleo fosse de novo nosso; era preciso definir regras que garantissem que a maior parte da riqueza obtida ficasse com o poder público.
Afinal, era óleo excelente, abundante; era, afinal, nosso passaporte para o futuro.
As regras de FHC tinham mesmo que ser substituídas, em nome do Brasil, do povo brasileiro.
Eu acreditei que o grito de Lula e Dilma ("Parem as licitações") fosse mesmo em nome do Brasil, do povo brasileiro.
Mas, hoje, eu vejo que não.
Hoje eu vejo que as novas regras não favorecem o poder público.
Comparadas com as regras anteriores, para o poder público, para o Brasil, para o povo brasileiro, as novas regras representam uma troca de seis por meia dúzia.
Mas em nome de quem foi dado o grito?
Em nome da Petrobras.
Mas a Petrobras não é do poder público, do Brasil, do povo brasileiro?
A Petrobras é uma empresa majoritariamente privada.
Isso significa que, se as novas regras do pré-sal estão privilegiando a Petrobras, uma parte excessiva da riqueza que ali está irá parar nas mãos de investidores privados.
Mas não é o governo brasileiro que gerencia a Petrobras?
Sim, mas a maior parte dos lucros e dividendos obtidos pela empresa vão parar nas mãos de investidores privados.
O governo pode mandar e desmandar na Petrobras, mas nada muda uma verdade econômica muito simples: a maior parte dos lucros e dividendos da Petrobras vai parar nas mãos de investidores privados.
Repito: o governo Lula está mudando as regras definidas por FHC para criar novas regras que, em vez de beneficiar o poder público, o Brasil, o povo brasileiro, estão beneficiando uma empresa majoritariamente privada.
A mudança nas regras do pré-sal não foi uma vitória do Brasil, foi uma vitória da Petrobras.
Boa parte do nosso pré-sal está indo para o sal.
O passaporte para o futuro está sendo rasgado.
Dilma foi figura-chave nesse processo.
Serra nada disse.
Nulo neles.
E, pra você, o que falta dizer?

6 comentários:

  1. Para mim nada. Fecho com o relato. Abraços, wellington

    ResponderExcluir
  2. Para vc, tudo, meu amigo, td de bom, que vc merece!

    bç,

    ResponderExcluir
  3. Grata por pensar e dizer a verdade, caro Manoel, com transparência e coragem. Admiro-o ainda mais por isso e reproduzi esse texto sobre o pré-sal no meu facebook.

    ResponderExcluir
  4. Caetano teria dito: Amneres representa boa parte da alegria existente em Brasília.

    ê, mulher que não para de criar.

    louvada seja!

    bj,

    ResponderExcluir
  5. Falta dizer:
    O que significa o voto nulo?
    A quem interessa o voto nulo?
    O que há de bom num voto que é nulo?

    ResponderExcluir
  6. o voto nulo vale o futuro, quando nulas são as companhas presentes.

    gd abraço, João.

    ResponderExcluir