sábado, 20 de novembro de 2010

Bom dia, democracia (3)

Depois da morte do último dos partidos, o PT, os brasileiros participam da política nacional sobretudo por meio de dois instrumentos:
a) o voto;
b) a pesquisa de intenção de voto ou de opinião.

É muito pouco para quem aspira a uma democracia vigorosa ou ao menos razoavelmente viva e atuante.

Há, lógico, outras formas, como, por exemplo, a iniciativa popular para a apresentação de projetos de lei, como se viu no caso do Ficha Limpa.

Mas esse é um instrumento esporádico e tende a ser utilizado mais como um veículo da vontade ou dos sentimentos difusos expressos nas pesquisas de opinião. O projeto inicial do Ficha Limpa é inequívoco a esse respeito. Apesar de ter sido elaborado por juristas e lideranças políticas, ele continha inconsistências e exageros próprios do senso comum dos cidadãos.

A mídia tradicional, por sua vez, além de representar interesses muito restritos, tende a ser mais efetiva quando busca despertar no público reações de curto prazo. De um modo geral, suas posições mais influentes são aquelas que já encontram um respaldo considerável na opinião pública. As autoridades sabem disso e normalmente "se lixam" para as investidas midiáticas que não encontram um eco maior entre amplos setores da população. Mesmo quando abre espaço para a pluralidade de ideias, sua influência é restrita, já que o número de leitores de jornais e revistas no país é muito pequeno; isso se aplica também ao número de pessoas que têm acesso a canais de TV por assinatura, que concedem mais espaço ao debate, a partir de posições distintas.

A internet, por ora, é também um espaço de pouco cultivo do debate e se presta mais a um tipo de participação que é, na prática, quase uma não participação. Refiro-me ao adesismo e ao espírito de torcida que impera entre os internautas, quando o assunto é política.

São poucas as pessoas que se dispõem a ler sites, blogs ou acompanhar tuiteiros com posições diferentes das suas.

Depois, eu continuo.

E, para você, o que falta dizer?

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