quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Uma pobre abundância?

Abundância de recursos naturais de extração fácil e comercialização bem-sucedida induzem à acomodação e ao desperdício.
Bem entendido, induzem; ou seja, não conduzem, necessariamente, à acomodação e ao desperdício.
Mas, apesar de ser tão-somente fatores de indução, é bem forte e não é nada fácil escapar a sua pressão pró-acomodação e pró-desperdício.
A abundância dos recursos naturais atuou desde sempre como um fator de relevo em nossa economia.
No início foi, como se sabe, o pau-brasil.
Depois, a cana-de-açúcar.
É claro que os engenhos dependiam de conhecimento científico e aparato tecnológico; dependiam também capital vultoso.
Porém, não se pode desprezar o papel exercido pela abundante oferta de terras especialmente férteis para o cultivo da cana.
Houve ainda o ouro, o café, a borracha.
Há, hoje em dia, o agronegócio.
Há também o ferro.
Há ainda o petróleo - extraído da terra, do pós-sal, do pré-sal.
Acomodação e desperdício podem ser resumidos em um termo: parasitismo.
E o parasitismo tem uma de suas expressões clássicas na corrupção.
O Brasil produz muita riqueza - graças à competência da Embrapa, da Vale, da Petrobras.
Isso significa riqueza na agropecuária, na mineração, na atividade petrolífera.
Certamente, não é só aí que o Brasil é competente e próspero.
Mas esses três domínios são fundamentais.
E, malgrado toda a competência técnica e gerencial envolvida nesses três domínios, a abundância de recursos naturais desempenha em cada um deles papel de destaque.
Isso não é necessariamente ruim.
Repito, porém: quando isso ocorre, a pressão pró-parasistismo e pró-corrupção é enorme.
Eu creio que examinamos pouquíssimo uma questão: em que medida os sucessos atuais do país na produção e comercialização de bens que dependem enormemente da abundância de recursos naturais está nos conduzindo ao parasitismo?
Creio igualmente que examinamos pouquíssimo uma outra questão, correlata à primeira: em que medida os sucessos nessas atividades, sobretudo a agropecuária, não estão causando a depleção irresponsável e insustentável dos nossos recursos naturais?
E, pra você, o que falta dizer?

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