segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Politicídio

Ouvi as declarações ontem de um dos governadores vitoriosos.
Que diferença das declarações de início de campanha.
O governador aprendeu muita coisa nesses meses.
O que significa que ele não teve o menor escrúpulo de concorrer sabendo muito pouco sobre a realidade da população que ele irá governar e ignorando também as soluções mais aceitas e plausíveis.
Por que tanto despreparo?
E por que esse despreparo foi tão comum, inclusive entre os candidatos à Presidência?
Uma resposta, entre pelos menos algumas outras: a deterioração da política nos últimos anos no Brasil.
O PT era um importante espaço de discussão e atividade política.
Mas o PT morreu e os antigos militantes ou bem se tornaram servidores públicos ou passaram a acompanhar a política, em vez de vivê-la e construí-la.
O PSDB e o DEM retrocederam à condição de meros chicaneiros, se é o que o DEM já foi algo mais que isso.
Outros partidos aderiram ao amorfo ou morto PT.
E o PMDB não se interessa por discussão política (nos dias de hoje qual partido quer mesmo discutir política?).
Sobrou o presidente Lula com suas decisões palacianas e seus fatos consumados.
Não o condeno inteiramente. Afinal, Lula encontrou um meio de contrariar pouco cada ator ou grupo de atores do espectro político nacional, e foi essa pouca contrariedade de todos, somada com muitos agrados concedidos à maioria, que propiciou sua popularidade.
Ou bem Lula se mantinha autocrático e palaciano ou teria que entrar em um processo de negociação à luz do dia com atores muitos deles totalmente discrepantes uns com os outros.
Porém, o palacianismo de Lula somado à tibieza da oposição e dos outros partidos condenou o Brasil à ausência ou quase ausência de discussão política.
Discutimos normalmente se Lula errou ou não em vez de discutirmos o que  ele deveria fazer para acertar.
Essa morte ou férias da política tem que acabar.
"Tem que acabar" soa grave; mesmo assim isso não significa que a política vai mesmo voltar a dar o ar da graça nos anos Dilma.
E, pra você, o que falta dizer?

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