sábado, 27 de novembro de 2010

Democracia de menos

A democracia é mais democracia quando está de bem com o republicanismo.
Estar de bem com o republicanismo significa: transparência e prestação de contas; liberdade de expressão; respeito das autoridades à lei; equilíbrio, independência e boa articulação entre os poderes constituídos; meritocracia.
Mas a democracia também é mais democracia quando está de bem com a criação de oportunidades socioeconômicas para os cidadãos.
Estar de bem com as oportunidades socioeconômicas para os cidadãos significa: baixo desemprego ou pleno emprego; bons serviços de saúde, segurança e educação para todos; redução das desigualdades de renda; efetiva equidade no exercício dos direitos, independentemente de raça, sexo, orientação sexual, idade, religião etc.
As sociedades que mais conseguiram satisfazer os dois grupos de demandas da democracia são as do norte da Europa, sobretudo as escandinavas.
Há outras que também não ficam muito mal na fita, como, por exemplo, a democracia neozelandesa, apesar da situação inferior dos maoris em relação à parcela branca da população.
Não são sociedades perfeitas.
Longe disso.
Nem faria sentido tentar transpor acriticamente as experiências dessas sociedades.
Trata-se apenas do seguinte:: no torneio para realizar as principais tarefas da democracia, elas estão bem posicionadas, e podemos aprender muito com o seu relativo sucesso.
No Brasil, porém, ou elogiamos regimes de países em desenvolvimento que sacrificam as tarefas republicanas da democracia ou elogiamos a democracia do mais desigual e violento dos países ricos, a saber, os Estados Unidos.
Pelo menos, é assim que se comportam muitas pessoas que se envolvem mais ou menos com a política.
É lamentável esse extremismo que põe em oposição os que apoiam ou toleram figuras como Chávez ou Ahmadinejad e os que apoiam ou toleram indiscriminadamente os governos dos Estados Unidos, não importando se são governos bons ou ruins.
E, para você, o que falta dizer?

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