domingo, 19 de dezembro de 2010

Outra régua pra medir a desregulamentação

É curioso que o governo Lula tenha arengado tanto contra a "era da desregulamentação".
Ora, a "era da desregulamentação" é uma das responsáveis pela "era Lula".
Foi na "era da desregulamentação" que o volume do crédito mundial cresceu enormemente.
Parte desse crédito foi parar em mãos brasileiras, incluídas aí as mãos da nossa nova classe média, a classe C.
Foi na "era da desregulamentação" que, em boa parte do mundo, os investimentos produtivos e a produtividade do trabalho se elevaram acentuadamente.
Foi na "era da desregulamentação" que o comércio mundial atingiu níveis extraordinários.
Tudo isso favoreceu o Brasil, que passou a contar com compradores vorazes de nossas commodities.
Foi na "era da desregulamentação" que o governo de FHC domou a inflação e, seguindo algumas orientações do chamado Consenso de Washington, avançou no saneamento de nossas finanças e na regulamentação do sistema bancário, o que contribuiu muito para que o Brasil atravessasse a crise de 2008/2009 sem pânico, embora com perdas importantes.
Isso quer dizer que o governo Lula foi agraciado com o melhor de dois mundos: o descomunal dinamismo da economia mundial até 2007/2008 e as rédeas curtas da prudência monetária e fiscal, herdadas dos anos FHC.
Assim, o mix de desregulamentação externa/regulamentação interna, que caracterizou a "era da desregulamentação", fornece boa parte da explicação dos êxitos socioeconômicos da "era Lula", embora esta também tenha méritos próprios.
Lula, em vez de arengar, deveria, ao lado dos brindes que ergue a si próprio, erguer um brinde aos Estados Unidos, grandes heróis/vilões da desregulamentação no plano externo; e outro a FHC, grande artífice da regulamentação interna.
E, pra você, o que falta dizer?

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