domingo, 12 de dezembro de 2010

A rotina do tina

"Não há alternativa".
Esse foi o lema utilizado pelos chamados neoliberais para defender a redução do Estado, nos anos 80 e 90 do século passado, sobretudo na Inglaterra e nos Estados Unidos.
Em inglês, a frase ficou conhecida por sua iniciais: tina ("there is no alternative").
Ironicamente, tina é, por assim dizer, o lema do PT desde as eleições presidenciais de 2002.
Não votar no PT seria necessariamente recair nas mazelas do tucanato e suas políticas "neoliberais".
O "não há alternativa", de remédio-veneno do neoliberalismo, converteu-se, no Brasil, em seu antídoto.
Não há frase alternativa na boca dos petistas.
É pintar uma sucessão presidencial e lá vêm eles com o bordão: "não há alternativa", tem que votar no PT.
No momento, o Brasil vive uma situação curiosa: Dilma ainda não tomou posse, mas já se fala muito em quem a sucederá em 2014.
Há quem aposte numa volta de Lula - e ele só não volta, imbatível, diga-se de passagem, se não quiser.
Mas há quem já esteja se pré-lançando, confiando na aposentadoria de Lula.
É o caso de Eduardo Campos e Aécio Neves.
Um e outro de olho na herança do lulismo.
Um e outro dizendo que o PT não é mais alternativa.
Um e outro falando em renovação da agenda, via eficiência do Estado e efetividade das políticas públicas.
O PT já começou a se movimentar e ensaia retomar seu bordão: tina neles!
Quer abater a pomba e o tucano antes mesmo que comecem a voar.
Mas a acusação principal do PT contra um e outro é que se trata de dois personalistas.
Ora, esse argumento não vale se saído da boca de um petista: o personalista-mor da política brasileira é o petista Lula, e o PT, de partido, converteu-se em mero agrupamento adesista e acrítica máquina eleitoral.
Eduardo Campos e Aécio Neves são, sem dúvida, dois políticos de viés personalista e autoritário, embora num e noutro quesito, repito, nenhum dos dois chegue aos pés, pelo menos não ainda, do "rei" Lula.
Pode ser, apesar de seus defeitos, que consigam, já no mandato de Dilma, trazer alguma boa novidade para a agenda nacional.
E pode ser que, em 2014, em função inclusive da boa performance de um e outro à frente do governo de Pernambuco e Minas, se apresentem como candidatos presidenciais a se considerar, malgrado seus vícios personalistas e autoritários.
Pode ser...
Pode ser também que a maldição do tina em 2014 recaia sobre o próprio PT.
Por último, só uma perguntinha: Marina, cadê você?
Aparecer para falar somente de código florestal é muito pouco para quem teve uma participação tão destacada na eleição presidencial...
E, pra você, o que falta dizer?

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